sexta-feira, 6 de julho de 2012

HERODES? Qual deles? 2ª Parte - HERODES ARQUELAU


 

Herodes Arquelau (etnarca)  (4 a.C. - 6 d.C.)

Herodes Arquelau, filho de Herodes o Grande (Magno), talvez o menos estimado dos filhos, herdou de seu pai a soberania sobre Samaria, Judéia e Iduméia, foi cruel e despótico. As queixas dos judeus contra ele finalmente o levaram ao exílio.
Arquelau reinou cerca de dez anos. Foi durante o seu reinado que os Reis Magos vieram do Oriente seguindo a estrela que indicaria o local do nascimento do Messias, ou seja, Jesus Cristo. Arquelau pretendeu eliminar o recém-nascido Rei dos Judeus, e ordenou a Matança dos Inocentes referida nos Evangelhos. É comumente confundido com seu pai, o que levou alguns estudiosos a, equivocadamente, colocar em dúvida a data real do nascimento de Jesus como sendo o Ano 1 da Era Cristã, supondo que Jesus teria que ter nascido no mínimo 4 anos a.C. (antes de Cristo) para ser contemporâneo de Herodes, o Grande.

Na bíblia é citado apenas uma vez, em Mateus 2, após a morte de seu pai, Herodes, o Grande.
19 Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
20 dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino.
21 Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
22 Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
23 e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno. (Mateus 2.19 - 23)
Para acabar com um tumulto no início de seu reinado matou três mil pessoas, portanto foi temido pelo povo, o versiculo 22 citado em Mateus capítulo 2 demonstra todo esse medo, como renovava, em parte a crueldade do seu pai, seus irmãos e súditos o acusaram diante do imperador, que o destituiu e o exilou para Viena, na Gália, onde morreu. A Judéia e a Samaria foram anexas ao império romano, governadas por um procurador, ou governador, sediado em Cesaréia, nas margens do Mediterrâneo, comandando uma tropa de ocupação considerável. 






quinta-feira, 5 de julho de 2012

FLAVIO JOSEFO? Quem foi?

no post anterior sobre HERODES, falamos muito em Flávio Josefo, pois foi usado como base alguns de seus livros para a pesquisa sobre a vida de Herodes, vimos então a necessidade de explicar quem foi Flavio Josefo, como segue abaixo:

Josefo, retratado em um entalhe de cobre de 1737Flávio Josefo (37 - 103 d.C.), ou apenas Josefo (em latim: Flavius Josephus, também conhecido pelo seu nome hebraico Yosef ben Matityahu (יוסף בן מתתיהו, "José, filho de Matias") e, após se tornar um cidadão romano, como Tito Flávio Josefo.

era de origem nobre, filho de sacerdote e descendente da dinastia hasmoneana. Foi iniciado nos textos da Torá, recebendo uma tradicional educação na Judéia. Falava latim e grego.  Pertenceu por escolha própria ao grupo religioso dos fariseus. 

Por nascimento hebreu, Josefo foi um judeu palestino inicialmente hostil a Roma.Em 66 d.C. foi eleito general dos judeus rebelados contra a dominação romana, feito prisioneiro pelos romanos, em 67 d.C. Rendendo-se ao exército romano, conseguiu registra in loco, a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., pelas tropas do imperador romano Vespasiano, comandadas por seu filho Tito, futuro imperador, da qual Josefo se tornou amigo, Adquiriu cidadania romana e uma pensão do Estado. Terminou sua vida morando em Roma.

As obras de Josefo fornecem um importante panorama do judaísmo no século I,  suas duas obras mais importantes são: Guerra dos Judeus (escrita em 75 e publicada em 79) e Antiguidades Judaicas (escrita em 94 em grego), o primeiro é fonte primária para o estudo da revolta judaica contra Roma (66-70), abarcava o período que vai dos Macabeus até à queda de Jerusalém, enquanto o segundo conta a história do mundo sob uma perspectiva judaica, a história dos Judeus desde a criação do Gênesis até à irrupção da guerra da década de 60. Estas obras fornecem informações valiosas sobre a sociedade judaica da época, bem como sobre o período que viu a separação definitiva do Cristianismo do judaísmo e as origens da Dinastia Flaviana, que reinaria de 69 a 96.
Pelos judeus Josefo foi considerado soldado, político e traidor. Eles acreditam que as obras de Josefo permaneceram não pelo judaísmo, mas por intermédio da Igreja cristã. Alguns escritores cristãos vêm passando a imagem de Josefo como um judeu-cristão. Essas afirmações requerem um profundo estudo das obras originais de Flávio Josefo.  Historiadores e escritores cristãos divergem nesta questão, como descreve Charlesworth, “… copistas cristãos alteraram e expandiram uma referência feita a Jesus por Josefo” (1992, p.103).

As narrativas de Josefo têm sido vistas pelos historiadores, como importante fonte de informações, já que Josefo foi contemporâneo a um período dotado de grandes acontecimentos na Judéia como o movimento inicial do cristianismo, e a destruição do Templo. E também foi testemunha ocular de boa parte dos acontecimentos de seu tempo. Entretanto pelo mesmo motivo, uma metodologia criteriosa é necessária para avaliar as narrativas de Josefo, identificando possíveis apologias, já que ele vivenciava toda a efervescência do momento.

Graças a pensão vitalícia financiada por Roma, Josefo dedicou-se por cerca de trinta anos a história, sendo um escritor preocupado, em registrar a história da Judéia. Suas obras descrevem a história dos judeus desde os primórdios do judaísmo, até o primeiro século depois de Cristo.  As revoltas, guerras e conflitos entre judeus e romanos e ainda apontam os culpados pela destruição do Templo e o despovoamento da Judéia.

Podemos concluir ainda que a figura de Flávio Josefo caminha num cenário contraditório às convicções religiosas e políticas. Josefo fez história e a registrou de maneira eficiente ou não, e independente das reais motivações de preservação. O fato é que sua obra nascida na antiguidade resistiu ao tempo e ainda hoje, quase dois mil anos depois, ainda é fonte de estudos sobre a Judéia.

Obras relacionadas: 

             



http://www.livrariaresposta.com.br/fotos/857394854X.jpg             
 


Referências Bibliográficas:

* CHARLESWORTH, James H. Jesus Dentre do Judaísmo. 3ª Edição Rio de Janeiro: Imago, 1992.

* GOODMAN, Martin. A classe dirigente da Judéia. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

* MILLER, Stephen M. e HUBER, Robert V. A Bíblia e sua história. São Paulo: SBB, 2006.

   

quarta-feira, 4 de julho de 2012

HERODES? Qual deles? 1ª Parte

HERODES? qual deles? A história dessa mal afamada família percorre todo o relato dos evangelhos e chega ao livro de Atos. Vamos conhecer um pouco mais sobre a origem dessa Família? 

A árvore genealógica resumida é como se segue:




Herodes, o Grande (ou Magno): Assassinou as crianças de Belém, numa tentativa de encontrar e matar o menino Jesus (Mateus 2:1-16). 

Herodes, o Grande descendente dos idumeus [1] começou sua vida política aos 15 anos, como governador da Galiléia numa manobra política de seu pai Antípater, procurador geral da Judéia. Posteriormente, Herodes foi nomeado pelo Império Romano rei da Judeia (37 a 4 a.C). Rei ímpio cometeu muitas crueldades, como também desafiou e burlou as leis dos judeus.
Administrador perspicaz, impenhou-se em notáveis construções em Jerusalém durante o seu reinado. 

A mais polêmica foi a reconstrução do Templo, posteriormente conhecido como o Templo de Herodes, entretanto, na mente dos judeus a obra se referia a reconstrução do Segundo Templo [2], que fora danificado devido a guerras e invasões da cidade de Jerusalém.

Em 19 a.C Herodes iniciou a reconstrução do Templo com forte oposição dos judeus, buscando resolver a situação “ele fez com que 1000 sacerdotes fossem treinados como talhadores de pedra, carpinteiros e decoradores, certificando-se de que nenhuma mão profana tocaria o local sagrado (Dicionário Wycliff, 2007, p.1898). Em 18 meses, o trabalho do santuário foi terminado, porém, o edifício ainda estava inacabado na época de Jesus, sendo concluído em 64d.C.

Cabe destacar a suntuosidade do Templo, maior do que o erguido por Zorobabel, em estilo greco-romano todo de mármore branco. O santuário era coberto com placas de ouro, ricamente decorado. O pátio dos gentios teve atenção especial do rei, ele foi pavimentado em mármore de muitas cores.

Esse Templo suntuoso tinha várias edificações monumentais e sólidas, mas em 70 d.C os romanos liderados pelo general Tito, destruíram essas edificações, a área do santuário foi queimada, as paredes foram demolidas restando apenas o muro das Lamentações (onde hoje só resta uma parte!).  Em 691 d.C os muçulmanos construíram nessa área a Cúpula da Rocha, que atualmente ocupa o local do Templo e santuário judeu. Contudo, dias virão em que “a glória da última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz…” (Ageu 2. 9)

COMO ERA O ESTADO JUDEU HERODIANO? 

Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus (como falado anteriormente) e sua mãe era descendente de árabes. Desse modo, sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder que ele exercia, e que diferia da tradição dos Hasmoneus, na medida em que:
  • o rei era legitimado como pessoa e não por descendência;
  • o poder não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito do senhor;
  • o direito à terra decorria de distribuição: o senhor o concedia ao usuário de sua escolha (assignatio);
  • o rei era a fonte da lei, ou seja, a "lei viva" (émpsychos nómos), conforme a base filosófica helenística, em oposição à lei codificada da tradição judaica.
Essa nova estrutura de poder (repudiada pelos judeus tradicionais), permitia a Herodes:
  • Nomear o sumo sacerdote do Templo: ele destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família babilônica e, mais tarde, da alexandrina;
  • Exigir de seus súditos um juramento de obediência, não raro em oposição às normas patriarcais;
  • Interferir na justiça do Sinédrio
  • Escravizar ladrões e revolucionários políticos, vendendo-os no exterior, sem direito a resgate;
O poder militar de Herodes baseava-se nos mercenários estrangeiros, aquartelados em fortalezas, ou em terras (cleruquias) a eles destinadas no vale de Jezrael e nas cidades helênicas fundadas pelo rei.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Herod_coin1.jpgAs moedas que Herodes o Grande cunhou (figura ao lado) não trazem símbolos tão agressivos para a religião judaica como acontecerá com as dos seus descendentes. Além do tripé, de origem grega e com alguma eventual ligação às suas vitórias e consequente domínio sobre o país, e do elmo, vai usar o escudo; mas haverá outros símbolos mais poéticos, como a romã, o diadema, a cornucópia, a âncora, etc.


SUA MORTE: 

Flavio Josefo diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar, Ele faz um relato dos acontecimentos entre este eclipse e sua morte, e entre sua morte e o Pessach (Páscoa Judaica). Um eclipse parcial ocorreu em 13 de março de 4 a.C, na cidade de Jericó, seu filho arquelau trasladou seu corpo para o Herodion. * Curiosidade: cerca de 29 dias antes do Pessach, e este eclipse é geralmente considerado como o referido por Josefo. Houve, contudo, outros três eclipses totais em torno deste tempo, e há os defensores de ambos os 5 a.C - com dois eclipses totais, e 1 a.C.


Josefo escreveu que a doença final de Herodes - às vezes chamada como "Mal de Herodes" era insuportável. A partir das suas descrições, alguns peritos médicos propõem que Herodes tinha doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier. Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranóia. Mais recentemente, outros relatam que os vermes visíveis e putrefação, descritos em seus últimos dias, são susceptíveis de ter sido sarna. Esta doença pode ter contribuído para sua morte e sintomas psiquiátricos. Sintomas similares estiveram presente na morte de seu neto Agripa I, em 44 dC.



Testamento de Herodes, o Grande.
 
Em sua disposição de última vontade, Herodes dividiu o território entre seus filhos tidos com Maltace, a samaritana (Arquelau e Herodes Antipas) e Cleópatra de Jerusalém (Filipe, o tetrarca). Deixou de lado Herodes Filipe, tido com Mariana II.
 
Arquelau ficou com a Judeia, incluindo Samaria e a Idumeia, regiões que governou de 4 a.C. até 6 d.C.
 
Herodes Antipas ficou com a Galileia, incluindo a Pereia, que governou de 4 a.C. até 39 d.C.
 
Filipe ficou com Traconítide, Auranítide, Gaulanítide, Bataneia e Itureia (distrito de Paneias), territórios sob seu governo de 4 a.C. até 34 d.C.
 
O Imperador Augusto concordou com o testamento, mas não concedeu a Arquelau o título de rei. Este ficou sendo etnarca da Judeia e Samaria (4 a.C. a 6 d.C.). Herodes Antipas e Filipe receberam o título de tetrarca.





Observações no texto: 
[1] Os idumeus ou edomitas, eram descendentes de Edom (Esaú). Habitavam na região sudeste da Palestina ou extremo sul do Vale do Sal. Eles foram obrigados a circuncidar-se para terem livre acesso em Jerusalém, bem como desfrutarem de privilégios especiais entre o povo de Israel.
 
 [2] O Segundo Templo foi concluído por Zorobabel e Josua, o sacerdote, no mês de Adar(março) de 516 a.C

Referências Bibliográficas:

* TOGNINI, Enéas. Período Interbíblico. SP. Ed Hagnos. 2009

* Dicionário Bíblico Wycliff. RJ. Ed CPAD. 2007.

* Mapas, Figuras : site: http://geografia-biblica.blogspot.com.br

* JOSEFO, Flavius. História do Hebreus - CPAD 

* Bíblia de Estudo de Genebra. 
  

terça-feira, 3 de julho de 2012

ESTAMOS DE VOLTA!!! 


por motivos maiores estivemos um pouco ausente do blog, à pedidos de alguns amigos estamos retornando, e claro, com algumas mudanças, por exemplo iremos postar estudos bíblicos semanalmente, E-book´s, dicas de livros (e suas resenhas...) e também teremos algumas colunas diferenciadas... enfim... novidades vem por aí!!! 


     LUZ...  SAL... AÇÃO!!!