quarta-feira, 4 de julho de 2012

HERODES? Qual deles? 1ª Parte

HERODES? qual deles? A história dessa mal afamada família percorre todo o relato dos evangelhos e chega ao livro de Atos. Vamos conhecer um pouco mais sobre a origem dessa Família? 

A árvore genealógica resumida é como se segue:




Herodes, o Grande (ou Magno): Assassinou as crianças de Belém, numa tentativa de encontrar e matar o menino Jesus (Mateus 2:1-16). 

Herodes, o Grande descendente dos idumeus [1] começou sua vida política aos 15 anos, como governador da Galiléia numa manobra política de seu pai Antípater, procurador geral da Judéia. Posteriormente, Herodes foi nomeado pelo Império Romano rei da Judeia (37 a 4 a.C). Rei ímpio cometeu muitas crueldades, como também desafiou e burlou as leis dos judeus.
Administrador perspicaz, impenhou-se em notáveis construções em Jerusalém durante o seu reinado. 

A mais polêmica foi a reconstrução do Templo, posteriormente conhecido como o Templo de Herodes, entretanto, na mente dos judeus a obra se referia a reconstrução do Segundo Templo [2], que fora danificado devido a guerras e invasões da cidade de Jerusalém.

Em 19 a.C Herodes iniciou a reconstrução do Templo com forte oposição dos judeus, buscando resolver a situação “ele fez com que 1000 sacerdotes fossem treinados como talhadores de pedra, carpinteiros e decoradores, certificando-se de que nenhuma mão profana tocaria o local sagrado (Dicionário Wycliff, 2007, p.1898). Em 18 meses, o trabalho do santuário foi terminado, porém, o edifício ainda estava inacabado na época de Jesus, sendo concluído em 64d.C.

Cabe destacar a suntuosidade do Templo, maior do que o erguido por Zorobabel, em estilo greco-romano todo de mármore branco. O santuário era coberto com placas de ouro, ricamente decorado. O pátio dos gentios teve atenção especial do rei, ele foi pavimentado em mármore de muitas cores.

Esse Templo suntuoso tinha várias edificações monumentais e sólidas, mas em 70 d.C os romanos liderados pelo general Tito, destruíram essas edificações, a área do santuário foi queimada, as paredes foram demolidas restando apenas o muro das Lamentações (onde hoje só resta uma parte!).  Em 691 d.C os muçulmanos construíram nessa área a Cúpula da Rocha, que atualmente ocupa o local do Templo e santuário judeu. Contudo, dias virão em que “a glória da última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos, e neste lugar darei a paz…” (Ageu 2. 9)

COMO ERA O ESTADO JUDEU HERODIANO? 

Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus (como falado anteriormente) e sua mãe era descendente de árabes. Desse modo, sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder que ele exercia, e que diferia da tradição dos Hasmoneus, na medida em que:
  • o rei era legitimado como pessoa e não por descendência;
  • o poder não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito do senhor;
  • o direito à terra decorria de distribuição: o senhor o concedia ao usuário de sua escolha (assignatio);
  • o rei era a fonte da lei, ou seja, a "lei viva" (émpsychos nómos), conforme a base filosófica helenística, em oposição à lei codificada da tradição judaica.
Essa nova estrutura de poder (repudiada pelos judeus tradicionais), permitia a Herodes:
  • Nomear o sumo sacerdote do Templo: ele destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família babilônica e, mais tarde, da alexandrina;
  • Exigir de seus súditos um juramento de obediência, não raro em oposição às normas patriarcais;
  • Interferir na justiça do Sinédrio
  • Escravizar ladrões e revolucionários políticos, vendendo-os no exterior, sem direito a resgate;
O poder militar de Herodes baseava-se nos mercenários estrangeiros, aquartelados em fortalezas, ou em terras (cleruquias) a eles destinadas no vale de Jezrael e nas cidades helênicas fundadas pelo rei.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a7/Herod_coin1.jpgAs moedas que Herodes o Grande cunhou (figura ao lado) não trazem símbolos tão agressivos para a religião judaica como acontecerá com as dos seus descendentes. Além do tripé, de origem grega e com alguma eventual ligação às suas vitórias e consequente domínio sobre o país, e do elmo, vai usar o escudo; mas haverá outros símbolos mais poéticos, como a romã, o diadema, a cornucópia, a âncora, etc.


SUA MORTE: 

Flavio Josefo diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar, Ele faz um relato dos acontecimentos entre este eclipse e sua morte, e entre sua morte e o Pessach (Páscoa Judaica). Um eclipse parcial ocorreu em 13 de março de 4 a.C, na cidade de Jericó, seu filho arquelau trasladou seu corpo para o Herodion. * Curiosidade: cerca de 29 dias antes do Pessach, e este eclipse é geralmente considerado como o referido por Josefo. Houve, contudo, outros três eclipses totais em torno deste tempo, e há os defensores de ambos os 5 a.C - com dois eclipses totais, e 1 a.C.


Josefo escreveu que a doença final de Herodes - às vezes chamada como "Mal de Herodes" era insuportável. A partir das suas descrições, alguns peritos médicos propõem que Herodes tinha doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier. Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranóia. Mais recentemente, outros relatam que os vermes visíveis e putrefação, descritos em seus últimos dias, são susceptíveis de ter sido sarna. Esta doença pode ter contribuído para sua morte e sintomas psiquiátricos. Sintomas similares estiveram presente na morte de seu neto Agripa I, em 44 dC.



Testamento de Herodes, o Grande.
 
Em sua disposição de última vontade, Herodes dividiu o território entre seus filhos tidos com Maltace, a samaritana (Arquelau e Herodes Antipas) e Cleópatra de Jerusalém (Filipe, o tetrarca). Deixou de lado Herodes Filipe, tido com Mariana II.
 
Arquelau ficou com a Judeia, incluindo Samaria e a Idumeia, regiões que governou de 4 a.C. até 6 d.C.
 
Herodes Antipas ficou com a Galileia, incluindo a Pereia, que governou de 4 a.C. até 39 d.C.
 
Filipe ficou com Traconítide, Auranítide, Gaulanítide, Bataneia e Itureia (distrito de Paneias), territórios sob seu governo de 4 a.C. até 34 d.C.
 
O Imperador Augusto concordou com o testamento, mas não concedeu a Arquelau o título de rei. Este ficou sendo etnarca da Judeia e Samaria (4 a.C. a 6 d.C.). Herodes Antipas e Filipe receberam o título de tetrarca.





Observações no texto: 
[1] Os idumeus ou edomitas, eram descendentes de Edom (Esaú). Habitavam na região sudeste da Palestina ou extremo sul do Vale do Sal. Eles foram obrigados a circuncidar-se para terem livre acesso em Jerusalém, bem como desfrutarem de privilégios especiais entre o povo de Israel.
 
 [2] O Segundo Templo foi concluído por Zorobabel e Josua, o sacerdote, no mês de Adar(março) de 516 a.C

Referências Bibliográficas:

* TOGNINI, Enéas. Período Interbíblico. SP. Ed Hagnos. 2009

* Dicionário Bíblico Wycliff. RJ. Ed CPAD. 2007.

* Mapas, Figuras : site: http://geografia-biblica.blogspot.com.br

* JOSEFO, Flavius. História do Hebreus - CPAD 

* Bíblia de Estudo de Genebra. 
  

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