sexta-feira, 2 de agosto de 2013

QUEM FORAM OS SADUCEUS?

 
 SADUCEUS (em hebraico: צְדוּקִים  - ĕdûqîm bnê Sadôq, sadoquitas, em grego: Saddoukaios) é a designação da segunda escola filosófica dos judeus, este era o partido oposto a seita dos fariseus. este grupo floresceu a partir de cerca de 200 a.C. até a queda de Jerusalém em 70 d.C. Um grupo sacerdotal e aristocrático. Compunha-se de um número comparativamente reduzido de homens educados, ricos e de boa posição social. Dizem os rabinos que o partido tirou o nome de Zadok, seu fundador, que viveu pelo ano 300 a. C. Porém, compondo-se este partido de elementos da alta aristocracia sacerdotal, crê-se geralmente que o nome Zadoque se refere ao sacerdote de igual nome que oficiava no reinado de Davi, e em cuja família se perpetuou a linha sacerdotal até a confusão política na época dos Macabeus. Os descendentes deste Zadoque tinham o nome de zadoquitas ou saduceus.

 Os saduceus solidificaram como um grupo logo após a revolta dos Macabeus (167-160 a.C). Eles eram herdeiros de uma persistente tendência dentro da aristocracia judaica para ver o judaísmo como uma religião centrada no templo, em vez de uma maneira centrada na lei da vida. Porque eles apoiaram a política dos Hasmoneus de expansão econômica e militar, que gradualmente passou a exercer uma enorme influência na corte de João Hircano (134-104 a.C).

Os saduceus representavam um grupo helenizado, entretanto religiosamente muito conservador, que não concordou com as reformas na religião de Israel. Seus confrontos e rivalidades com os fariseus foram por influência política, reagindo a ingerência dos fariseus sobre as camadas dominantes e dirigentes da sociedade. Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes pontos:
1)   Negavam a ressurreição e juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo (Mt 22. 23-33; At 23. 8);
2)   Negavam a existência dos anjos e dos espíritos (At. 23.8);
Porque os saduceus estavam mais preocupados com a política do que com a religião, eles não se preocuparam com Jesus até quando as coisas chegaram ao ponto de que Jesus iria chamar a atenção indesejada de Roma. Foi a esta altura que os fariseus e saduceus se uniram e planejaram que Cristo fosse morto (João 11:48-50; Marcos 14:53; Marcos 15:1). Outras passagens que mencionam os saduceus são Atos 4:1, Atos 5:17, e os saduceus foram implicados na morte de Tiago pelo historiador Flávio Josefo (Atos 12:1-2).
3)   Negavam o fatalismo em defesa do livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações estão sujeitas ao poder da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons; que os males que sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém nos atos de nossa vida, quer sejam bons, quer não.

4)   Negavam a imortalidade e a ressurreição, baseando-se na ausência destas doutrinas na lei mosaica, não defendiam a fé patriarcal na existência do sheol, não só por não se achar bem defendida, como por não conter os cernes das doutrinas bíblicas acerca da ressurreição do corpo e das recompensas futuras. Não se pode negar que os patriarcas criam na existência futura da alma além da morte. Negando a existência da alma e dos espíritos, os saduceus entravam em conflito com a angeologia do Judaísmo elaborada no seu tempo, e ainda iam ao outro extremo: não se submetiam ao ensino da lei (Ex 3.2; 14.19). 
O saduceus, como movimento antifarisaico, rejeitavam as tradições da Torá oral dos fariseus, concentrando-se na Torá escrita. O que importava aos saduceus era a unidade do culto, a nação, a terra e a história. Praticando sua idéia de nação, voltaram-se contra Herodes, que era de origem não-judaica na sua pretensão de ser rei de Israel, o que não estava de acordo com a Escritura (Dt 17.15).

A principio, provavelmente, davam relevo à doutrina a respeito da Interferência divina nas ações humanas, punindo-as ou recompensando-as neste mundo, de acordo com seu caráter moral. Se realmente ensinavam, como afirma Josefo, que Deus não intervém em nossos atos, bons ou maus, repudiavam os ensinos claros da lei de Moisés em que professavam crer (Gn 3.17; 4.7; 6.5-7). É possível que começassem negando as doutrinas expressamente ensinadas na letra da Escritura. E, rendendo-se à influência da filosofia grega, adotaram os princípio, aristotélicos, recusando-se a aceitar qualquer doutrina que não pudesse ser provada pela razão pura.

 No tempo de Esdras e de Neemias, a família do sumo sacerdote era mundana e inclinada a consentir na junção de judeus com os gentios. No tempo de Antíoco Epifanes, grande número de sacerdotes amava a cultura grega, entre eles contavam-se os sumos sacerdotes Jasom, Menelau e Alcimus. O povo postou-se ao lado dos Macabeus para defender a pureza da religião de Israel. Quando este partido triunfou, os Macabeus tomaram conta do sacerdócio e obrigaram os zadoquitas a se retirarem para as fileiras da política, onde continuaram a desprezar os costumes e as tradições dos antigos e a favorecer a cultura e a civilização grega.
 João Hircano, Aristóbulo e Alexandre Janeu, 135-78 a.C. deram apoio aos saduceus, de modo que a direção dos negócios políticos estava em grande parte em suas mãos, durante o domínio dos romanos e de Herodes, visto serem os sacerdotes deste período, membros da seita doa saduceus (At 5. 17). 

 Os saduceus, e assim mesmo os fariseus, que iam ao encontro de João Batista no deserto, foram por ele denominados raça de víboras (Mt 3.7). Unidos aos fariseus, pediram a Jesus que lhes fizesse ver algum prodígio do céu (Mt 16.1-4). Contra estas duas seitas, Jesus preveniu a seus discípulos. Os saduceus tentaram a Jesus, propondo-lhe um problema a respeito da ressurreição. A resposta de Jesus reduziu-os ao silêncio. Ligaram-se com os sacerdotes e com o magistrado do templo para perseguirem a Pedro e a João (At 4.1-22). Tanto os fariseus como os saduceus achavam-se no sinédrio, quando acusavam a Paulo, que, aproveitando-se das suas divergências de doutrina, habilmente os atirou uns contra os outros.
 A revolta de 66 - 70 d.C. significou o fim para os saduceus. Apesar de terem tentado impedir a revolta, os romanos não tinham utilidade para uma aristocracia falha. Com a destruição do templo e a dissolução da nação, os saduceus cairam no esquecimento. 

Onde procurar informações:  

A informação mais confiável sobre os saduceus é encontrado em três corpos de literatura antiga: os escritos de Flávio Josefo, A Guerra dos Judeus (escrito cerca de 75 d.C.), Antiguidades dos Judeus (94 d.C), e Vida (101 d.C), o Novo Testamento, especialmente os Evangelhos sinópticos e Atos (cerca de 65-90 d.C; Mateus 3:7; 16:1-12; 22:23-34, Marcos 12:18-27;. Lucas 20:27 - 38), além da tradição rabínica (Talmud). Duas observações sobre essas fontes devem ser feitas. Primeiro, com a possível exceção de Josefo em Guerra dos Judeus, todas estas fontes são decididamente hostil para com os saduceus. Segundo, muitas das referências rabínicas, especialmente aquelas encontradas no Talmud e obras posteriores, são de confiabilidade duvidosa histórica.


Fontes Bibliográficas:
Dicionário da Bíblia John Davis - Editora Hagnos
Josefo, A Guerra dos Judeus 2.8.2,14; Antiguidades dos Judeus 13.5.9, 13.10.6, 18.1.4, 20.9.1 (os livros citados são partes do livro: A História dos Hebreus, Ed. CPAD )
Mantel HD, "Os saduceus e os fariseus," O Mundo em História do Povo Judeu, VIII, 99-123 
Tognini, Enéas, O Período Interbiblico, Ed. Hagnos 
   

 

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