SADUCEUS (em hebraico: צְדוּקִים - Ṣĕdûqîm bnê Sadôq, sadoquitas, em grego: Saddoukaios) é a designação da segunda escola
filosófica dos judeus, este era o partido oposto a seita dos fariseus. este
grupo floresceu a partir de cerca de 200 a.C. até a queda de Jerusalém em 70
d.C. Um grupo sacerdotal e aristocrático. Compunha-se de um
número comparativamente reduzido de homens educados, ricos e de boa posição
social. Dizem os rabinos que o partido tirou o nome de Zadok, seu
fundador, que viveu pelo ano 300 a. C. Porém, compondo-se este partido de
elementos da alta aristocracia sacerdotal, crê-se geralmente que o nome Zadoque
se refere ao sacerdote de igual nome que oficiava no reinado de Davi, e em cuja
família se perpetuou a linha sacerdotal até a confusão política na época dos
Macabeus. Os descendentes deste Zadoque tinham o nome de zadoquitas ou
saduceus.
Os saduceus solidificaram como um grupo
logo após a revolta dos Macabeus (167-160 a.C). Eles eram herdeiros de uma
persistente tendência dentro da aristocracia judaica para ver o judaísmo como
uma religião centrada no templo, em vez de uma maneira centrada na lei da vida.
Porque eles apoiaram a política dos Hasmoneus de expansão econômica e militar,
que gradualmente passou a exercer uma enorme influência na corte de João
Hircano (134-104 a.C).
Os saduceus representavam um grupo helenizado,
entretanto religiosamente muito conservador, que não concordou com as reformas
na religião de Israel. Seus confrontos e rivalidades com os fariseus foram
por influência política, reagindo a ingerência dos fariseus sobre as camadas
dominantes e dirigentes da sociedade. Distinguiam-se dos fariseus nos seguintes
pontos:
1) Negavam a ressurreição e juízo futuro, afirmavam que a alma morre com o corpo (Mt 22.
23-33; At 23. 8);
2) Negavam a existência dos anjos e dos
espíritos (At. 23.8);
Porque os saduceus estavam mais preocupados com a política do que com a
religião, eles não se preocuparam com Jesus até quando as coisas chegaram ao
ponto de que Jesus iria chamar a atenção indesejada de Roma. Foi a esta altura
que os fariseus e saduceus se uniram e planejaram que Cristo fosse morto (João
11:48-50; Marcos 14:53; Marcos 15:1). Outras passagens que mencionam os
saduceus são Atos 4:1, Atos 5:17, e os saduceus foram implicados na morte de
Tiago pelo historiador Flávio Josefo (Atos 12:1-2).
3)
Negavam o fatalismo em defesa
do livre arbítrio, ensinando que todas as nossas ações estão sujeitas ao poder
da vontade, de modo que nós somos a causa dos atos bons; que os males que
sofremos resultam de nossa própria insensatez, e que Deus não intervém nos atos
de nossa vida, quer sejam bons, quer não.
4)
Negavam a imortalidade e a
ressurreição, baseando-se na ausência destas doutrinas na lei mosaica, não
defendiam a fé patriarcal na existência do sheol, não só por não se achar bem
defendida, como por não conter os cernes das doutrinas bíblicas acerca da
ressurreição do corpo e das recompensas futuras. Não se pode negar que os
patriarcas criam na existência futura da alma além da morte. Negando a
existência da alma e dos espíritos, os saduceus entravam em conflito com a
angeologia do Judaísmo elaborada no seu tempo, e ainda iam ao outro extremo:
não se submetiam ao ensino da lei (Ex 3.2; 14.19).
O saduceus, como movimento
antifarisaico, rejeitavam as tradições da Torá oral dos fariseus,
concentrando-se na Torá escrita. O que importava aos saduceus era a
unidade do culto, a nação, a terra e a história. Praticando sua idéia de nação,
voltaram-se contra Herodes, que era de origem não-judaica na sua pretensão
de ser rei de Israel, o que não estava de acordo com a Escritura (Dt
17.15).
A principio, provavelmente, davam
relevo à doutrina a respeito da Interferência divina nas ações humanas,
punindo-as ou recompensando-as neste mundo, de acordo com seu caráter moral. Se
realmente ensinavam, como afirma Josefo, que Deus não intervém em nossos atos,
bons ou maus, repudiavam os ensinos claros da lei de Moisés em que professavam
crer (Gn 3.17; 4.7; 6.5-7). É possível que começassem negando as doutrinas
expressamente ensinadas na letra da Escritura. E, rendendo-se à influência da
filosofia grega, adotaram os princípio, aristotélicos, recusando-se a aceitar
qualquer doutrina que não pudesse ser provada pela razão pura.
No tempo de Esdras e de Neemias, a família do sumo sacerdote era
mundana e inclinada a consentir na junção de judeus com os gentios. No tempo de
Antíoco Epifanes, grande número de sacerdotes amava a cultura grega, entre eles
contavam-se os sumos sacerdotes Jasom, Menelau e Alcimus. O povo postou-se ao
lado dos Macabeus para defender a pureza da religião de Israel. Quando este
partido triunfou, os Macabeus tomaram conta do sacerdócio e obrigaram os zadoquitas
a se retirarem para as fileiras da política, onde continuaram a desprezar os
costumes e as tradições dos antigos e a favorecer a cultura e a civilização
grega.
João Hircano, Aristóbulo e Alexandre Janeu, 135-78 a.C. deram apoio
aos saduceus, de modo que a direção dos negócios políticos estava em grande
parte em suas mãos, durante o domínio dos romanos e de Herodes, visto serem os
sacerdotes deste período, membros da seita doa saduceus (At 5. 17).
Os saduceus, e
assim mesmo os fariseus, que iam ao encontro de João Batista no deserto, foram
por ele denominados raça de víboras (Mt 3.7). Unidos aos fariseus, pediram a
Jesus que lhes fizesse ver algum prodígio do céu (Mt 16.1-4). Contra estas duas
seitas, Jesus preveniu a seus discípulos. Os saduceus tentaram a Jesus,
propondo-lhe um problema a respeito da ressurreição. A resposta de Jesus
reduziu-os ao silêncio. Ligaram-se com os sacerdotes e com o magistrado do
templo para perseguirem a Pedro e a João (At 4.1-22). Tanto os fariseus
como os saduceus achavam-se no sinédrio, quando acusavam a Paulo, que,
aproveitando-se das suas divergências de doutrina, habilmente os atirou uns
contra os outros.
A revolta de 66 -
70 d.C. significou o fim para os saduceus. Apesar de terem tentado impedir a
revolta, os romanos não tinham utilidade para uma aristocracia falha. Com a
destruição do templo e a dissolução da nação, os saduceus cairam no
esquecimento.
Onde procurar informações:
A informação mais confiável sobre
os saduceus é encontrado em três corpos de literatura antiga: os escritos de
Flávio Josefo, A Guerra dos Judeus (escrito cerca de 75 d.C.), Antiguidades
dos Judeus (94 d.C), e Vida (101 d.C), o Novo Testamento, especialmente os
Evangelhos sinópticos e Atos (cerca de 65-90 d.C; Mateus 3:7; 16:1-12;
22:23-34, Marcos 12:18-27;. Lucas 20:27 - 38), além da tradição rabínica
(Talmud). Duas observações sobre essas fontes devem ser feitas. Primeiro, com a
possível exceção de Josefo em Guerra dos Judeus, todas estas fontes são
decididamente hostil para com os saduceus. Segundo, muitas das referências
rabínicas, especialmente aquelas encontradas no Talmud e obras posteriores, são
de confiabilidade duvidosa histórica.
Fontes Bibliográficas:
Dicionário da
Bíblia John Davis - Editora Hagnos
Josefo, A Guerra
dos Judeus 2.8.2,14; Antiguidades dos Judeus 13.5.9, 13.10.6, 18.1.4,
20.9.1 (os livros citados são partes do livro: A História dos Hebreus, Ed. CPAD )
Mantel HD,
"Os saduceus e os fariseus," O Mundo em História do Povo Judeu, VIII,
99-123
Tognini, Enéas, O Período Interbiblico, Ed. Hagnos

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